domingo, 25 de outubro de 2009

Manaus 340 anos

Natural de Manaus, não tenho como não comentar a passagem de seus 340 anos de fundação.
O que os manauenses podem realmente comemorar?
O auge do ciclo econômico baseado na extração da borracha transformou Manaus em uma cidade moderna, inclusive com estrutura semelhante ao Rio de Janeiro, naquela época a capital federal.
No fim do século 19, impulsinada pelo extrativismo, a cidade passou por grandes mudanças, principalmente, quando o engenheiro militar Eduardo Ribeiro se tornou Governador do Amazonas. Naquela época a cidade não passava de um povoado no meio da mata. Apesar disso, passou por grandes transformações como: os primeiros aterros de igarapés, a abertura das grandes avenidas e boulevares, a implantação da luz elétrica e do bonde. Além disso, foram construídos ainda as pontes de ferro, o porto de Manaus (moderníssimo na época), o calçamento das ruas, a implementação das redes de água e de esgoto sanitário, e os serviços de telefone e telégrafo. O ciclo durou 30 anos. O que restou daquela época senão os prédios antigos e a lembrança do glamour europeu.
Depois disso, a cidade caiu no esquecimento, até que em 1967, o governo federal criasse a Zona Franca de Manaus. Nessa época, cidade passou por um novo boom econômico, mas que também terminou, depois que o Presidente Fernando Collor abriu a economia brasileira para a importação.
Hoje, Manaus possui quase 2 milhões de habitantes, é a principal economia do Estado.
O que lição tomamos dos ciclos gloriosos? Parece que nenhuma!
A crise da borracha mostrou a falta de visão empresarial e governamental, naquela época, não houve alternativa que possibilitasse o desenvolvimento regional, o que ocasionou estagnação da cidade.
Já na crise na Zona Franca de Manaus, o que ficou evidente foi a explícita prioridade que os governos federais dão a Região. Todos falam em Amazônia preservada, mas poucos apontam soluções para os que querem sobreviver por aqui.
Atualmente, uma luz pode estar acesa no fim do túnel. O desenvolvimento sustentável é a solução. O investimento em educação e pesquisas é necessário.
A Amazônia é um grande laboratório de onde se pode tirar da mais rara fragrância para a perfumaria internacional até a cura para doenças.
O que falta é compromisso. Nós amazônidas podemos deixar de ser meros coiadjuvante no cenário nacional e passarmos a exercer papeis fundamentais no desenvolvimento do país.
Sonhamos para que surja um novo visionário porque é desse tipo de gente que precisamos.
Por fim, o que podemos comemorar senão a vontade de viver do povo, a hospitalidade e a criatividade do Caboclo. Fora isso, é difícil falar do que ainda está por aí.